Suspeitas de fraude de licitação na Lotepar e a privatização da Copel foram responsáveis pela pior semana do governo Ratinho Jr. desde seu primeiro mandato. Obcecado por mídia – a ponto de gastar em publicidade mais de R$ 129 milhões em 2022, ano eleitoral, com dinheiro público –, dessa vez o governador viu um noticiário contrário e pesado.
O assunto ganhou repercussão nacional, justo no momento em que Ratinho Jr. tenta ganhar holofotes para se cacifar como candidato a presidente em 2026. O UOL mostrou que empresários que doaram R$ 400 mil para a campanha do governador ganharam meses depois um contrato de R$ 167 milhões para operacionalizar pagamentos da loteria criada pelo governo paranaense. A contratação tem fortes indícios de direcionamento, segundo técnicos do TCE-PR (Tribunal de Contas do Paraná) e envolve um ex-funcionário do governo, que teria atuado justamente no setor que elaborou o edital da licitação e, posteriormente, se tornou sócio da PayBrokers, empresa vencedora da disputa.
Ontem, o assunto ganhou 6 minutos de reportagem no principal telejornal do estado, o Boa Noite, Paraná, da RPC. Hoje, o caso também saiu na Agência Pública, que foi além e mostrou que Ratinho Jr. colocou um ex-cunhado na loteria.
Conforme avaliam opositores, trata-se do primeiro grande escândalo do governo de Ratinho Jr.
A venda da Copel a preço de banana, por sua vez, despertou sentimento de revolta nos paranaenses, externado nas redes sociais. Se é uma vitória do governo dele, afinal Ratinho Jr. fez mundos e fundos para a privatização acontecer, o desgaste político se mostra muito mais grave que o governador talvez tenha previsto.
A oposição no Paraná fez um combate incisivo e a guerra de liminares no TCE, na qual o conselheiro Mauricio Requião suspendeu a privatização baseado em novas denúncias e, horas depois, o presidente da casa derrubou, mostrou que alguma coisa anda estranha no reino das Araucárias. Piorou o fato de o processo ter sido remetido a Augustinho Zucchi, indicado para o tribunal por Ratinho Jr. há poucos meses. Ficou a impressão de cartas marcadas, o que piorou com o voto visto por muitos como raso, debochado e cínico do ex-prefeito de Pato Branco.
Ratinho Jr. entrou para a história negativamente como o governador que vendeu o principal patrimônio e orgulho dos paranaenses. Como disse a procuradora-geral do Ministério Público de Contas, Valéria Borba, isso é imperdoável.
A situação pode piorar. Isso porque um terceiro caso, este apurado em outro estado, pode ter conexão com fatos suspeitos no Paraná. O ex-secretário de Educação do governo de Ratinho Jr., Renato Feder, que agora ocupa o posto em São Paulo, é investigado pelo Ministério Público, uma vez que uma empresa da qual ele é sócio teve contratos milionários com o governo – uma prática que já havia sido denunciada no Paraná.
Um dos problemas, aqui como lá, é que Renato Feder é sócio de offshore dona de 28,16% das ações da Multilaser, uma empresa que mantém contratos de R$ 200 milhões com a sua pasta, o que motivou a investigação. São três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual. Tipo de contrato que ele também manteve com o governo do Paraná.
Feder é o porta-voz de uma corrente que defende a privatização da educação, que é vista apenas como porta de entrada para negócios lucrativos.
O caso em São Paulo pode motivar novas iniciativa jurídicas e políticas no Paraná, pressionando ainda mais o governo.
Uma resposta
Comentário propício para provar que o atual governo Paraná, faz jus ao seu apelido Chegou a hora de balançar com força que o governo cai.